plural

PLURAL: os textos de Neila Baldi e Noemy Bastos Aramburú

Para todes
Neila Baldi 
Professora universitária

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Começo este texto com uma provocação: o uso de todes. O neologismo vem da necessidade de gêneros inclusivos, não binários. O uso de pronomes e adjetivos neutros se constitui uma linguagem não sexista. Há quem reclame e diga que não existe na língua portuguesa. Ora, mas estas mesmas pessoas aceitam o você, não? O pronome pessoal você nasceu de um pronome de tratamento: vossa mercê, que virou vossemecê, vosmecê e, por fim, você. A língua é dinâmica, por que não poderia, então, ser inclusiva?

Venho com minha provocação por causa da fala daquele senhor que foi reitor de uma universidade particular em São Paulo e hoje ocupa o cargo mais alta na Educação. Por ironia do destino, ele é pastor: pensei que Cristo defendesse todos, todas e todes...


EXCLUDENTE

Pois este senhor disse: "a universidade deveria, na verdade, ser para poucos, nesse sentido de ser útil à sociedade" e defendeu a formação de técnicos. "Tenho muito engenheiro ou advogado dirigindo Uber porque não consegue colocação devida. Se fosse um técnico de informática, conseguiria emprego, porque tem uma demanda muito grande", disse ao Programa Novo Sem Censura, na TV Brasil. Dá pra fazer o jogo dos sete erros nesta fala, né? A primeira é a situação econômica do país, que ele ignora.

Este senhor soltou outra pérola no mesmo programa televisivo: disse que no "inclusivismo", crianças com deficiência "atrapalhavam, entre aspas" o aprendizado de outros alunos sem a mesma condição.

Em outubro de 2018, os brasileiros e brasileiras optaram por um projeto excludente. Escolheram para o cargo máximo do Executivo um senhor que era conhecido por ser machista, homofóbico, etc. O que vemos na Educação, hoje, é o retrato desta escolha.

DESMONTE

Esta semana, o ex-presidenciável Fernando Haddad - que foi ministro da Educação nos governos Lula e Dilma - disse que: "Não há precedente para a destruição que está acontecendo no Ministério da Educação". Ele vê com preocupação o sucateamento dos institutos federais e das universidades federais por meio de cortes drásticos, assim como o desmonte de programas e as falas do pastor. 

"O número de negros nas universidades federais superou 50%. Então, como é para poucos a universidade? Não tem cabimento. É para até onde for a sua ambição. Tem gente que quer fazer curso técnico, tem gente que quer fazer curso superior e tem quem queira doutorado. Como limitar as chances das pessoas?", questionou.

Fico a imaginar quanto tempo levaremos para reconstruir as políticas públicas que estão sendo desmontadas. E, a partir da minha provocação, no início deste texto, tendo a concordar com o ministro: a universidade não é para todos. A Universidade é para todos, todas e todes. E se depender de gente como eu, vai continuar sendo assim!

Vivemos Sodoma e Gomorra

Noemy Bastos Aramburú
Advogada, administradora judicial, palestrante e doutora

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Quem gosta de leitura antiga e de ler a Bíblia já deve ter deparado com a história da destruição das cidades de Sodoma e Gomorra, localizadas no Vale de Sidim, próximo ao mar Morto, no Oriente Médio. Escritos judaicos contam que estas cidades apresentavam alto grau de crueldade, falta de hospitalidade com forasteiros, ganância, apego material excessivo, maldades sem precedentes com crianças e imoralidades sexuais inaceitáveis. E o que se vê hoje? 

Era a mesma violência mascarada por paixão, como nos feminicídios, nomeada como loucura, quando pessoas matam e depois dizem que ouviram vozes, por crédito, quando alegam que mataram por dívidas de centavos, por fome quando alegam que assaltam para comer. E a falta de hospitalidade com forasteiros? 

Presenciamos essas realidades nos problemas de relacionamentos profissionais, um exemplo disso, tem-se na Revista Arco da UFSM, numa publicação do Fórum de Direitos Humanos em 2018, que divulgou uma pesquisa feita nos meios de comunicação em São Paulo, realizada pelo Grupo de Planejamento(GP), em parceria com o Instituto QualiBest. O estudo constatou que nove em cada 10 mulheres e quase oito em cada 10 homens afirmaram já ter sofrido algum tipo de assédio, sexual ou moral. Na iniciativa privada, o mesmo se repete, pois o INSS se encontra assoberbado de procedimentos administrativos com pedido de benefício, cujo fundamento é o assédio na relação profissional. 

Infelizmente, vemos que essa falta de hospitalidade provocada nos meios profissionais pode ter iniciado na infância, pois, não raro, ouvimos histórias diárias de crianças e adolescentes sendo discriminadas nas escolas, quando chegam de outra entidade, denotando que essa falta de hospitalidade com os forasteiros se aprimorou. 

E a ganância? Quando iniciou a pandemia do Covid-19, os fabricantes e os vendedores de máscaras e luvas em vários países da Europa e nos EUA, baixaram o preço das máscaras e luvas para que a população mais carente também pudesse ter acesso às mesmas. No Brasil, aconteceu o contrário. O valor foi quadruplicado, várias farmácias foram autuadas por venderem acima do preço, sem provas de que o fabricante havia lhe vendido por preço maior. 

Recentemente, presenciamos a ganância nas bombas de gasolina. Percebemos que, assim que o aumento dos combustíveis foi divulgado, muitos postos, imediatamente, remarcaram os valores, apesar daquele combustível estar armazenado em seus depósitos no preço anterior ao do aumento. Mas, como a esperança é a última que morre, devemos acreditar em um mundo melhor, sem violência e ganância. Que tenhamos mais cuidado para formar as novas gerações.

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